Não é ainda a noite
Mas é já
frio o céu.
Do vento
o ocioso açoite
Envolve o
tédio meu.
Que
vitórias perdidas
Por não
as ter querido!
Quantas
perdidas vidas!
E o sonho
sem ter sido...
Ergue-te,
ó vento, do ermo
Da noite
que aparece!
Há um
silêncio sem termo
Por trás
do que estremece...
Pranto
dos sonhos fúteis,
Que a
memória acordou,
Inúteis,
tão inúteis —
Quem me
dirá quem sou?
Fernando
Pessoa
[Arte: Tomasz Alen Kopera]
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