És parecida com a
Terra. Essa é a tua beleza.
Era assim que
dizias.
E quando nos beijávamos
e eu perdia respiração e, entre suspiros, perguntava: em que dia
nasceste?
E me respondias, voz
trêmula: estou nascendo agora.
E a tua mão ascendia por
entre o vão das minhas pernas
e eu voltava a
perguntar: onde nasceste?
E tu, quase sem voz,
respondias: estou nascendo em ti, meu amor.
Era assim que
dizias.
... tu eras um poeta. Eu
era a tua poesia.
E quando me escrevias,
era tão belo o que me contavas
que me despia para ler
as tuas cartas.
Só nua eu te podia ler.
Porque te recebia não em meus olhos,
mas com todo o meu
corpo, linha por linha, poro por poro.
Mia Couto
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