quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O Sono Compartilhado.


Com as outras mulheres ele nunca dormia. {…} Portanto, qual não foi sua surpresa quando acordou com Tereza segurando firmemente sua mão! Olhou-a e custou a compreender o que estava acontecendo. Evocou as horas que tinham se passado e acreditou respirar o perfume de uma felicidade desconhecida. {…} Tomas pensava: deitar-se com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes, mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher).

Milan Kundera in A Insustentável Leveza do Ser.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Dança!

 Dançar é sentir, sentir é sofrer, sofrer é amar…
Tu amas, sofres e sentes.
Dança!  


Isadora Duncan


Bandolins, composição de Oswaldo Montenegro.
Interpretação:  Oswaldo Montenegro e Zé Alexandre.

Conte comigo. Também quero contar com você.

Façamos um trato.
Quando sentir sua ferida sangrar,
quando sentir sua voz soluçar,
conte comigo.
Você sabe que pode contar comigo,
não até dois, ou até dez,
mas contar comigo.
Se alguma vez perceber
que ao olhar nos meus olhos,
não reconhece o meu amor,
não duvide dele,
lembre-se de que sempre
pode contar comigo.
Se outras vezes
me encontrar impaciente, sem motivo,
não pense que diminuiu o meu amor,
ainda assim, pode contar comigo.
Mas façamos um trato:
Também quero contar com você.  

Mario Benedetti
Uruguai (1920-2009)


[Arte: Cláudio Souza Pinto]

O silêncio cura.



Silêncio nem sempre é descaso. Fuga ou afastamento. Às vezes, precisamos de um tempo pra limpar a mente. 
E aliviar o caos dentro da gente. Não leve a mal. O silêncio cura. Há momentos em que palavra alguma surtirá efeito.  

Noemi Prates.

As quatro estações em nós!












No verão ilumino os teus dias.
No inverno protejo-te dos dias nublados. 
Na primavera floresço, e perfumada, 
te ofereço minhas belas e únicas pétalas. 
No outono "adormeço e renasço"...
em ti.

© Pituna

[Arte: Tomasz Alen Kopera]

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A maior flor do mundo – José Saramago.


E se as histórias para crianças passassem a ser
de leitura obrigatória para os adultos?
Seriam eles capazes de aprender realmente o que
há tanto tempo têm andando a ensinar?  

(José Saramago)

A história é repleta de reflexões sobre infância, individualismo e existencialismo em forma de uma poesia. A criança protagonista da história, se por um lado, cresceu num mundo dominado pela ambição desmedida, individualismo e falta de ideais dos adultos, por outro, souber ser capaz de observar a vida e aprender solidariedade, esperança no futuro e no trabalho. O personagem assim, transformou-se no ensinamento dos valores e ideais que os adultos acham em ensinar as crianças. E como nos velhos livros de literatura infantil, Saramago conclui: “E é essa a moral da história”.
A animação com direção de Juan Pablo Etcheverry e produzida em 2007, ganhou o prêmio de melhor animação do Anchorage Internacional Film Festival e foi nomeado para os Goya deste ano na categoria de melhor curta-metragem. Saramago aparece no filme, como narrador e como personagem. 

Frases e Citações - Luciano de Crescenzo.

                                                                                                                                                                                      [Arte: Tomasz Alen Kopera]

  Somos todos anjos com uma asa só; e só podemos voar quando abraçados uns aos outros.

domingo, 20 de novembro de 2016

eu apelo porque me pelo toda, senão... senão, nada.



RENÚNCIA II

sossega, amor

eu sei que a vida
exigiu-lhe atitudes
eu compreendo

fica em paz, amor

o que há de verdadeiro 
não se apaga
nem se esquece

segue tranquilo

o seu caminho
como lhe apetece
eu daqui faço uma prece

(curta pra não cansar o santo)









eutanásia 

já sofri duas eutanásias
e não morri
não posso dizer o mesmo
sobre o meu espírito

desde então
estou presa
num corpo desalmado 

onde habita
um buraco negro
faminto

Textos de Renata Braz

Renata Braz é natural de Franca/SP. Artificial do mundo. Casada. “Bacharéu” em Direito por imposição social. Aprendiz de poeta por invocação, desvirtuadora da semântica, nem sempre romântica. Nascida ácida, com doçura provisória, um dia jura que será zen. Mantém um blog como refém (Tatami, Coisa e Tao - http://tatamicoisaetao.blogspot.com.br/) que alimenta quando dá na telha. 

Estranho.

                                                          [Arte: Gianpaolo Ghisetti]
Estranho,                                                
este meu jeito de gostar de ti,
assim à queima roupa,
como quem
ama em legítima defesa,
sem espaço para as mãos
nem tempo para o olhos.

Estranho,
este meu jeito de gostar de ti,
assim a frio
como quem
no maior desespero do mundo
beija sofregamente
na lâmina o fio
buscando no golpe
o ponto mais doloroso e profundo.


Miguel Afonso Andersen

Tristeza!

“Sinto-me muito bem e sou feliz; mas nos mais alegres momentos da minha vida, hei de ter sempre um motivo de tristeza, não posso evitá-lo. E as lágrimas que me viu nos olhos também não querem dizer nada; eu própria ignoro porque não posso passar sem chorar. Bem sei que tenho uma sensibilidade mórbida, de modo que todas as impressões que experimento tornam-se-me morbidamente violentas.”

Fiódor Dostoiévski, in “Gente Pobre”.

Preciso abrir minhas janelas.

De volta pro "meu aconchego".

Depois de muitas idas...

                         Voltei!

É muito bom estar de volta. Apesar dos pesares...


É duro, ficar sem você
Vez em quando 
Parece que falta um pedaço de mim
Me alegro na hora de regressar
Parece que eu vou mergulhar
Na felicidade sem fim.
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