Tenho um espinho cravado no coração, um espinho que
não pára de me causar dor, enquanto me entrego ao trabalho diário, e que me
parece nem sequer me dar tréguas quando durmo. Mal desperto, de manhã, vejo que
o céu perdeu o fulgor. Que se passa? Que aconteceu?
Meu espírito tornou-se tão sensitivo que até a
minha vida passada, que se me apresentara sob o disfarce da felicidade, parece
arrancar-me o coração, com a sua falsidade. A vergonha e a mágoa que se
aproximam cada vez mais vão perdendo o ar secreto, velado, e perdem-no
principalmente porque tentam ocultar o rosto.
O meu coração é todo olhos. Tenho de ver as coisas
que não deveriam ser vistas, as coisas que não quero ver.
Rabindranath Tagore
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